TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - AUGUSTO RUTZEN

TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - AUGUSTO RUTZEN

AUGUSTO RUTZEN

Nascido no dia 14 de maio de 1895, Augusto Rutzen era filho de imigrantes alemães provenientes da província da Pomerânia, na Prússia, chamados Albert Rutzen e Karoline Strenzel, casal que chegou ao Brasil com a imigração de 1888, a bordo no navio Montevideo, trazendo consigo dois filhos: Emma (1882) e Otto (1887). 
Após desembarcarem no porto de Rio Grande, Albert e Karoline se estabeleceram na colônia velha de São Leopoldo, de onde posteriormente se deslocaram para a localidade de Arroio do Tigre, distrito de Sobradinho, região onde Augusto e outra irmã sua, Karoline, nasceram. 
Em 1932, Augusto Rutzen fundou sua primeira fábrica de cervejas e, após isso, se casou com a jovem Luiza Steinhoefel, filha de Carlos e Emília Steinhoefel. O casal teve nove filhos: Amanda, Elvira, Irene, Fredolino, Anita, Nildo, Arno, Vonibaldo e Hilgert. 
No ano de 1938, a família mudou-se para Três de Maio, onde Augusto se associou a família Sthäl com quem continuou trabalhando no ramo da fabricação de cervejas, além de refrigerantes, vinhos e aguardentes, sob a denominação de “Cervejaria Sthäl e Rutzen”, que posteriormente Augusto Rutzen passou a tocar sozinho juntamente com os filhos, quando então a firma passou a se chamar “Rutzen & Cia Ltda”. 
Antes da Rutzen & Cia Ltda, a Vila Três de Maio já havia tido outras cervejarias, todas familiares, e cada uma teve a sua existência por curtos períodos, como a Cervejaria do Sr. José Brüch, que iniciou sua produção de cervejas em sua própria casa, em 1919, e logo desenvolveu uma pequena indústria, seguido pelo Sr. Gressler, Cervejaria Redel, Cervejaria Klein e a Cervejaria Schmidt & Matzenbacher. 
Na Rutzen & Cia Ltda, mais de quarenta funcionários uniformizados, com aventais e boinas brancas eram responsáveis pela produção de cerveja, e a direção da empresa zelava muito pela limpeza e higiene dentro da fábrica, sendo ela vistoriada periodicamente por fiscais da higiene. 
A cerveja de Augusto Rutzen era produzida seguindo à risca uma receita trazida pelos imigrantes alemães: Inicialmente, em tachos de cobre de 1.200 litros, eram adicionados 180 quilos de cevada moída que depois era fervida durante 6 a 8 horas, e após a fervura, a cevada era separada do líquido por meio de peneiras, enquanto o líquido era transferido para tinas de madeira,  armazenadas no porão da fábrica, onde ficavam fermentando por cerca de 60 horas até completarem o ciclo total da fermentação. Após isso, a cerveja era novamente transferida para outras pipas de madeira, rigorosamente limpas e hermeticamente fechadas, para completar a maturação, sendo constantemente controladas por medidores de pressão, de doçura e de graduação alcoólica (sendo esta de 32%), e permanecendo nestes barris em torno de 40 a 45 dias para completar seu ciclo.
Depois desse processo, a cerveja ia para o seu destino final, onde era engarrafada em garrafas de vidro cuidadosamente esterilizadas, sendo tampadas com tampas de folha de lata, daí sendo transferidas para um tanque de latão onde novamente passavam por uma fervura, numa graduação de 55 a 60 graus celsius, para eliminar quaisquer vestígios de germes da fermentação, caso contrário, os germes poderiam se reproduzir novamente dentro das garrafas, fazendo-as explodirem. Após a última fervura, as garrafas eram rotuladas e colocadas em caixas de madeira para serem transportadas até os locais de venda. 
Inicialmente, a distribuição das bebidas era feita através de carroças puxadas por burros, e posteriormente, a Rutzen & Cia Ltda adquiriu caminhões, passando assim a fornecer bebidas para toda a região, como Santa Rosa, Santo Cristo, Tuparendi, Horizontina, Crissiumal e Boa Vista do Buricá. 
As cervejas pilsen “3 de Maio” eram famosas, cujo slogan era “Beber cerveja 3 de Maio é beber cerveja” e a cerveja preta “Beija Flor”, sendo elas vendidas bem geladas, através de um processo de resfriação natural. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, Augusto Rutzen não conseguiu mais comprar a cevada e o lúpulo, ingredientes fundamentais para a fabricação da cerveja, pois com o desenrolar da guerra, as importações foram completamente paralisadas, cessando assim também a importação da cevada (que era importada do Uruguai e da Argentina), e do lúpulo (que vinha da Noruega). 
Desta forma, a alternativa encontrada por Augusto Rutzen foi conseguir sementes de lúpulo e cevada e distribuí-las entre os agricultores da região, incentivando seu plantio, ideia essa que acabou lhe rendendo bons resultados. 
Em 1943, Augusto Rutzen construiu uma casa para a família na Rua Buricá n° 56, ao lado de sua fábrica, onde morou até o fim de sua vida (a qual ainda hoje se encontra no mesmo local). 
O comércio de bebidas continuou com os filhos e a Rutzen & Cia Ltda produziu cervejas até 1956, quando então, passou a ser distribuidora da Brahma Chopp na região. 
Já a produção de refrigerantes permaneceu até o ano de 1966, ano em que se paralisou a fábrica e passou-se a trabalhar apenas com o engarrafamento de aguardentes e bitter. 
Augusto Rutzen veio a falecer no dia 21 de agosto de 1961, e após isso, a rua que anteriormente se chamava Santo Augusto, no Bairro Oriental, passou a se chamar “Rua Augusto Rutzen”, uma justa homenagem para um homem que soube prosperar levando sempre a frente a qualidade e o cuidado com a fabricação de uma das bebidas mais consumidas pelos três-maienses em seu tempo.

 

Fábrica de bebidas de Augusto Rutzen. Carros preparados para desfile

 

Augusto Rutzen

 

 

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