TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - CASA BRETIN – 100 ANOS

TRÊS DE MAIO  E SUA HISTÓRIA -  CASA BRETIN – 100 ANOS

 CASA BRETIN – 100 ANOS

Carlos Roberto Bretin, natural da região da Volínia, na Russia, veio para o Brasil por volta de 1914, juntamente com dois irmãos que, após a chegada ao país, acabaram seguindo viagem para outros países, um para a Argentina e outro para os Estados Unidos.  Aqui casou-se com Katharina Rauch e em 1921, mudou-se para Ijuhy, onde começou a trabalhar numa padaria. 
O Sr. Schamberg, proprietário da Casa Comercial “Schamberg & Cia Ltda”, frequentava a padaria, e certa vez, conversando com Carlos, descobriu que o rapaz não estava muito contente com aquela profissão, e então o convidou para trabalhar numa filial de sua loja que havia instalado recentemente no povoado de Buricá, lugar bastante promissor e já muito falado na região. 
Schamberg, que já possuía uma filial de seu comércio em Panambi, havia adquirido um terreno no povoado, onde construiu um prédio de madeira, e em 1922, enviou Carlos Bretin para cuidar da loja. No ano seguinte, em dezembro de 1923, o velho Schamberg desistiu das lojas e ofereceu a filial de Buricá para Carlos. Foi então que no dia 23 de dezembro de 1923, Carlos Roberto Bretin assumiu a direção da Schamberg & Cia Ltda de Buricá, e nascia naquele dia a “Casa Bretin”. 
O terreno onde estava localizada a loja fazia divisa com o terreno do Sr. Paulino Luchese. No ano de 1927, quando começaram as intenções de abrir uma rua para dar continuidade a Avenida Uruguai, que necessariamente teria de atravessar pelo terreno de Luchese, este rapidamente deu início a construção de um prédio no local (prédio de esquina que existe ainda hoje, onde a alguns anos funcionava o Armazem  Líquid), e Carlos Bretin, percebendo que aquela construção acabaria forçando a rua a entrar pelo seu terreno, também deu início a construção de um prédio de alvenaria, para ocupar o espaço ocioso ao lado de sua casa comercial. 
 Assim, aquela que deveria ser a continuidade da Avenida Uruguai se tornou a Rua da Ladeira (hoje Rua Farroupilha), uma rua que ficou um tanto deslocada numa das principais esquinas da cidade, e foi a partir deste momento que no prédio de alvenaria construído por Carlos Bretin passou a funcionar a Casa Bretin, local onde até hoje permanece. 
Outro problema ocorria na rua em frente à loja, chamado na época de “Estradão Ijuí-14 de Julho” (hoje Avenida Santa Rosa), onde existia uma nascente de água que tornava o local bastante alagadiço,  o que, com o constante trafego de carroças e veículos,  começou a fazer a rua afundar para o lado da ladeira. 
Para solucionar o problema, foi construída uma canaleta com pedras,  onde atualmente está o prédio da família Marasca, (na época não utilizavam tubos de concreto) para desviar a água, e resolveram construir também um muro de contenção na lateral, com cerca de três metros de altura, sendo que apenas um metro ficava acima do nível da rua, com pedras de mais de um metro de comprimento, enterradas profundamente, se estendendo por vários metros até proximamente a Cereser S/A. 
Anos depois, quando a Casa Bretin começou a comercializar armas de fogo, devido a necessidade dos compradores testarem estas armas, o muro ao lado da loja passou a funcionar como local de testes para tiros. Em 1935, Carlos Bretin convidou seu concunhado, Leopoldo Shötinger, para vir a Três de Maio trabalhar em sua casa comercial, e com o tempo, os dois acabaram se tornando sócios.  Anos depois, também o filho de Leopoldo, Jorge Shötinger, passou a trabalhar na loja, cuidando do setor de armas e munições, e inclusive, consertando as armas avariadas que eram levadas pelos clientes.   Leopoldo Shötinger trabalhou na Casa Bretin por cerca de 40 anos, quando então, já aposentado, arrendou uma propriedade rural na localidade de Colônia Medeiros e mudou-se para lá. 
Em 1950, Ângelo Eugênio Girardi e Ernesto Baú, que trabalhavam no ramo da construção civil, foram contratados pelo Sr. Hickmann, da empresa Trepte & Hickmann, para trabalharem na barragem do Rio Inhacorá, na construção de uma hidrelétrica, que passaria a fornecer luz elétrica para Três de Maio (antes disso, a luz elétrica em Três de Maio era produzida através de usinas termelétricas) e Ângelo Girardi costumava levar eventualmente junto no trabalho, seu filho, Pedro, nascido em 10 de maio de 1938. Mas num certo dia, sua esposa, Lídia Faustina Pinzon, não deixou que Ângelo levasse Pedro junto, o que foi uma decisão bastante acertada, pois naquele dia, durante os procedimentos de explodir as pedras com dinamite, um dos tubos onde eram acondicionados os explosivos falharam, e apenas retiraram o pavio, deixando a espoleta que acionavam a pólvora dentro. 
Então, quando iniciaram uma nova perfuração, com uma broca de 3 metros, próxima ao local onde estava o explosivo que havia falhado, a frixão fez acionar a espoleta e tudo foi pelos ares. Ângelo Girardi ficou bastante ferido, mas acabou se salvando, ficando por muitos anos com pequenos pedaços de rocha dentro do corpo. Foi no período que Ângelo Girardi estava acamado, se recuperando dos ferimentos, que Carlos Bretin apareceu em sua casa, perguntando para sua esposa se o filho do casal, Pedro, estava disponível para trabalhar, pois Bretin estava precisando de um estafeta para serviços como varrer a loja, a calçada, atender no balcão e fazer tudo o que fosse necessário. A mãe de Pedro, após conferir se o pai também concordava com aquilo, disponibilizou o menino para ajudar o Sr. Bretin em sua loja, e no dia 02 de junho de 1950, o jovem Pedro Girardi entrou pela primeira vez na Casa Bretin como funcionário contratado. 
A primeira coisa que o velho Bretin fez quando viu Pedro, foi compará-lo com a altura do balcão. Pedro ainda era muito baixo, ficava praticamente todo escondido atras do enorme balcão de mármore que a loja possuía, mas rapidamente encontraram uma solução para aquele problema. Bretin colocou um caixote de madeira no chão, atras do balcão, para que Pedro pudesse subir, e assim, atender aos clientes. 
Logo, o caixote passou a ser arrastado de um lado para o outro atrás do balcão, indo até a balança, até a caixa registradora e qualquer ponto onde aparecesse alguém necessitando atendimento. A casa vendia secos e molhados, e o açúcar era vendido somente em pedra, chamado “açúcar usina”. Tudo vinha em grandes sacos, que eram despejados nas tulhas (grandes gavetões embutidos no balcão), de onde era retirada a quantidade solicitada pelo cliente e colocada em pequenos saquinhos de papel, feitos por eles mesmos com folhas de papel dobradas e com as pontas coladas com uma goma feita da mistura de água e polvilho. 
A partir de 1970, Carlos Bretin e demais sócios começaram a vender suas partes na loja para Pedro, e alguns anos depois, para os desfiles do dia 7 de setembro de 1979, como a loja era muito procurada por praticantes da pesca, Pedro Girardi enfeitou sua belina marrom com dois peixes de isopor e colou a eles duas varas de pesca: surgia ali o logotipo do peixinho animado da Casa Bretin
Em 1988, Pedro Girardi se aposentou, mas ainda assim tocou o negócio até 2014, quando então foi deixando tudo a cargo das filhas, Ana Lidia e Claudia Helena, e da neta, Carolina, que desde muito pequena já gostava de correr e brincar dentro da loja. Hoje, as filhas e neta de Pedro Girardi continuam tocando a casa e mantendo uma tradição que  agora completa 100 anos. 
Parabéns a todos que construíram e  continuam construíndo a história da Casa Bretin.
 

A Casa Bretin (casa com a carroça em frente)  e o prédio de Paulino Luchese, quando ainda não havia sido aberta a Rua da Ladeira (hoje Rua Farroupilha) 

 

Carlos Roberto Bretin e sua esposa Katharina Rauch. Bretin faleceu no dia 10 de setembro de 1981

 

O logotipo do peixinho da Casa Bretin  "nasceu" no desfile cívico de 7 de setembro de 1979
 

Pedro Giradi com as  filhas Ana Lidia e Claudia Helena e a neta, Carolina

 

 

 

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