TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - O FRIGORÍFICO STAHL

TRÊS DE MAIO E SUA HISTÓRIA - O FRIGORÍFICO STAHL

O FRIGORÍFICO STAHL

Arthur Stahl, nascido no dia 21 de fevereiro de 1898, em Novo Hamburgo, por volta de 1924, casou-se com Julieta Thon, nascida em 15 de junho de 1907, e o casal teve duas filhas: Helmy (1926) e Ivone (1931). Não se sabe ao certo em que ano veio morar na Vila Buricá, mas, em 1938, formou sociedade na fabricação de cervejas com Augusto Rutzen, recém-chegado de Arroio do Meio, criando a “Stahl & Rutzen Cia Ltda”. 
Após um tempo trabalhando com Rutzen, Stahl se desvinculou da sociedade, quando em 1946 começou a abater os primeiros suínos com a intenção de comercializar a carne e os subprodutos, como banha e linguiças. Com a ajuda da esposa e das filhas, começou a abater cerca de três suínos por dia, e assim, seguidamente Arthur e sua filha, Ivone, encilhavam seus cavalos e saiam visitando criadores de porcos nas redondezas, com quem pudessem negociar a compra de suínos por um bom preço. 
Logo, a produção de linguiças começou a ter boa aceitação e as encomendas cresceram, quando Stahl decidiu que já era hora de contratar alguém para ajudá-los, e assim, contratou um rapaz chamado Miguel, que acabou sendo seu primeiro funcionário. 
Pouco tempo depois, construíram instalações melhores em um terreno mais afastado do centro da Vila, de 2,4 hectares, próximo ao campo do Sr. Reinoldo Selzer, e ali surgiu a “Arthur Stahl Cia Ltda”, que nos anos seguintes passou a produzir vários tipos de linguiças, mortadelas, morcilhas, salsichões, queijos de porco (com a buchada original do porco), costelas defumadas, torresmos e banha. 
O rótulo de um salame produzido no frigorífico assemelhava-se muito com os ingressos para entrada no Cine Imperial, cinema de propriedade de Eduardo Weinberg, vulgo Timbaro, e muitos malandros tentavam entrar no cinema entregando o rótulo do salame na entrada, aproveitando-se do momento em que as luzes se apagavam no início da sessão, e também ajudados pelas vistas já cansadas do velho Timbaro. 
Em 1949, a filha Ivone se casou com Osvaldo Fleck, filho de Ernesto Fleck e Rosalina Janke, proprietários do Hotel Fleck, e assim, Ivone deixou de ajudar no frigorífico e passou a trabalhar no hotel. Já Helmy, casou-se com Lindolfo Rodenbuch, então funcionário do frigorífico.
Em 1976, quando Arthur Stahl faleceu, vítima de um derrame enquanto subia a pé a Rua Ijuí em direção à sua casa, Lindolfo assumiu a direção do frigorífico, tendo como sócios seu concunhado, Osvaldo Fleck, e também os senhores, Albino Grenzel, Eugênio Pires e a viúva de Arthur Sthal, Julieta, que foi quem passou a assinar todas as notas da empresa, sempre como “viúva Stahl” ou “V.v. a. Stahl”, para assim poderem continuar utilizando a razão social “Frigorífico Stahl”. 
Lindolfo Rodenbuch passou a ser um administrador do tipo “linha dura” e prezava bastante pelo trabalho sério e organizado entre o time de funcionários. O frigorífico chegou a contar com cerca de 35 funcionários trabalhando em suas instalações, e no auge de suas atividades chegou abater 30 porcos e 25 cabeças de gado em um só dia.
Aos sábados, trabalhavam na limpeza das instalações e equipamentos, e, nesse dia, era costume fazer um churrasco para confraternização, momento no qual os funcionários se davam a liberdade de beber alguns goles de cachaça com mel, o que, de vez em quando, ajudava a causar algumas rusgas entre os mais exaltados. Como era costume todos os funcionários carregarem facas junto consigo, Lindolfo, que era um homem que procurava sempre se antecipar aos problemas, decidiu logo por fim àquele mau hábito entre os funcionários.
A produção do Frigorífico Stahl passou a abastecer os mercados de toda a região, o que os fez adquirirem caminhonetes F-1000 para fazer as entregas. 
Mas, apesar da mão firme com que Rodenbuch dirigia o negócio, era comum que os motoristas que faziam as praças entregando os produtos, em cada parada que fizessem, bebessem uma cerveja no bar ao lado, para só depois seguir caminho, e com o tempo já nem era mais preciso pedir para o atendente a cerveja, pois este já ia abrindo uma garrafa quando o motorista ia chegando. 
Por isso, de vez em quando, alguns acidentes aconteciam, com caminhões saindo da estrada e entrando por lavouras ou se acavalando sobre pedras à beira do caminho, necessitando assim que alguém do frigorífico fosse em seu auxílio. 
Em 10 de dezembro de 1973, Aroldo Kurtz foi admitido como funcionário, e tendo se tornado pessoa de confiança de Rodenbuch, certo dia foi enviado com um dos motoristas para fazer as entregas, momento no qual o motorista passou maus bocados sinalizando do jeito que podia aos bolicheiros pelo caminho, onde fazia entregas, para não abrirem nenhuma garrafa de cerveja para ele. 
Em julho do ano seguinte, Aroldo Kurtz se casou com Lourdes Pires, funcionária responsável pela emissão de notas da empresa, e em 1980, Aroldo se tornou um dos sócios do frigorífico. 
Em 1985, o local de abate de animais do frigorífico foi transferido para instalações construídas fora da cidade, permanecendo apenas a industrialização dos produtos no mesmo local. Mas neste período a concorrência foi diminuindo o espaço de mercado do frigorífico, e alguns de seus principais produtos, como a banha, também foram progressivamente perdendo força, quando o óleo vegetal começou a se popularizar nos mercados, pois espalhava-se a notícia de que a banha fazia mal à saúde e o óleo vegetal era muito mais benéfico. 
Em 1978/79, os irmãos Pedro e Nelson Cereser adquiriram de Lindolfo a sua parte no negócio (30%), mas deixaram a cargo de outro sócio a administração, até alguns anos depois, adquirirem também a parte do sócio Albino Grenzel (20%), e assim assumirem em definitivo como sócios majoritários, mas neste momento o Frigorífico Stahl já caminhava para o seu fim. 
A empresa continuou até julho de 1993, quando então foram encerradas definitivamente as suas atividades. 
Em 2008, as instalações do antigo Frigorífico Stahl foram demolidas e parte de seu terreno foi loteado e vendido, ficando uma outra parte preservada, que hoje abriga uma pequena área verde, com uma lagoa e um bosque, bem em meio a cidade.

Artur Stahl faleceu em 4 de agosto de 1976

 

Instalações do Frigorífico Stahl localizadas no final da Rua Ijuí

 

Funcionários do Frigorífico Stahl posando para foto. No canto à direita, Artur Stahl

 

Parte interna das instalações do Frigorífico Stahl. À esquerda na foto, Albino Grenzel e 
à direita, Eugênio Pires, sócios do frigorífico

 

 

 

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